Enquanto cada brasileiro produz em média 920 gramas de lixo sólido por dia, a quantidade de lixo recuperada, seja na coleta seletiva seja por catadores, chega apenas a 2,8 quilos ano/habitante. Os dados são do Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, realizado pelo Ministério da Saúde.
Os números, relativos a 250 municípios que concentram 50% da população brasileira, expressam uma realidade que contrasta com os esforços de preservação do meio ambiente, tema que faz parte da agenda mundial. Em Marialva, apenas 4% do volume de lixo produzido no município é reciclado.
“Falta conscientização”, resume Carlos Alberto Gazin, diretor da Associação dos Coletores de Material Reciclável de Marialva (Aclimar). Mensalmente, a cidade produz cerca de 600 toneladas de lixo – metade desse volume seria de material inorgânico, de reciclagem mais simples que o orgânico.
“Não temos um número exato do volume reaproveitado, mas acreditamos que seja em torno de 4%”, estima Carlos Gazin, cuja associação que dirige reúne 12 pessoas, que faturam em média um salário mínimo por mês. Mas o número de pessoas na associação poderia ser bem maior.
Nas estimativas de Carlos Gazin existem perto de cinquenta catadores autônomos (não ligados à associação) atuando na cidade, que entregam o material recolhido a empresas de reciclagem. “Essas pessoas poderiam estar dentro da Aclimar, o que nos fortaleceria”, afirma o diretor da associação.
De acordo com a pesquisa do Ministério das Cidades existem no Brasil mais de 700 mil catadores de lixo reciclável. Cerca de 53% desses catadores estão ligados a alguma cooperativa ou associação de reciclagem. A coleta seletiva formal, feita com caminhões adequados, está presente em 54% dos municípios.
A realidade de Marialva com relação à coleta seletiva não é diferente da encontrada em outros municípios da região, onde a reciclagem ainda é pequena em relação ao volume de lixo que poderia ser reaproveitado. “As pessoas precisam se conscientizar da importância da coleta seletiva”, defende Gazin.
Aterro
O programa de reciclagem de lixo está inserido no contexto de diversas outras ações de preservação do meio ambiente desenvolvido pelo governo municipal, o que inclui recuperação de matas ciliares, rearborização de vias urbanas e ampliação da rede coletora e de tratamento de esgoto.
No âmbito dessas ações vale destacar a construção do aterro sanitário, iniciativa que destaca Marialva entre os municípios da região pelo fato da cidade ter sido a primeira a atender as exigências da legislação ambiental com relação à destinação correta dos resíduos urbanos.
Inaugurado em 2003, numa área de 66 mil metros quadrados, o aterro incorpora moderna tecnologia ‘ecologicamente correta’ para receber o lixo sem risco de contaminação do lençol freático. A previsão de uso do aterro é de 14 anos, o que pode ser estendido com ampliação da coleta seletiva.
“A infra-estrutura do aterro se excede na atenção às exigências legais, com a incorporação de diversos recursos tecnológicos que se dispõem a preservar o meio ambiente e eliminar riscos de contaminação”, destaca Luiz Carlos Stéfano, secretário de Agricultura e Meio ambiente.
A construção do aterro sanitário pôs fim a um problema que se arrastava desde a fundação de Marialva: o lixão a céu aberto que funcionava ao lado do cemitério e poluía a maioria dos bairros da cidade, além de servir de área de garimpo para dezenas de pessoas, entre adultos e crianças.