É evidente que quem precisa de tratamento de emergência não está num dia muito bom. Isso deixa o ambiente naturalmente pesado tanto para os pacientes quanto para os profissionais de qualquer unidade de saúde (de atenção básica, emergencial ou hospitalar). Entretanto, nos dias 25 e 26 de setembro a realidade foi um pouco diferente no Pronto-Atendimento de Marialva: a unidade recebeu a bem-vinda visita do projeto Terapia da Alegria.

A habilidade teatral e musical dos palhaços Hudson Zanoni (dr. Adalberto Pé-de-Chinelo) e Lilian Gadani (dra. Clara Quase) contribuiu muito para melhorar o dia dos pacientes e profissionais da unidade. “Trabalhamos em cima do improviso: fazemos uma leitura de cada situação, se tem dor, se é possível fazer mais ou menos barulho, usamos referências caso existam – por exemplo, paciente tem algo do Corinthians ou está assistindo a um vídeo da Galinha Pintadinha”, explica Hudson.

Se no teatro a plateia vai até o artista, nesse caso a via é no sentido contrário, e o improviso se faz necessário, para adequar a atividade a cada paciente. “Às vezes você chega num quarto, a emoção está a mil e você brinca, e num outro quarto o tratamento tem que ser outro porque o clima não é o mesmo”, afirma. “Às vezes, está um clima muito pesado, você tem que levar alegria, mas não de forma escancarada, tem que levar um sentimento gostoso para eles, alguma coisa que traga um refrigério, e isso é bem desafiador”, conclui.

De fato, um grande desafio é influenciar positivamente o ambiente, e não ser influenciado negativamente pelo peso dele. “Aprendi a trabalhar com a empatia, consigo me colocar no lugar da pessoa naquele momento, mas também não posso levar tudo isso para casa”, pondera Hudson. “Várias histórias, porém, já furaram essa barreira: já perdemos pacientes, já vimos outros fazerem tratamento de câncer, por exemplo, e terem um excelente resultado, e tudo isso nos emociona”, recorda.

O projeto

A ideia nasceu há mais de 15 anos, em Maringá, com visitas ao Hospital Municipal da cidade vizinha, bem como a um asilo e a um hospital psiquiátrico. Atualmente, o movimento conta já com 14 palhaços, que levam graça, alegria e leveza para pacientes de diversos tipos de condições e tratamentos.

É uma equipe multidisciplinar, cada voluntário é de uma área. “A minha hoje é o teatro, mas sou formado em marketing. Há outros formados nessa mesma área que eu, temos também psicólogos, jornalistas, professores de História, Filosofia, entre outros”, enumera Hudson.