A origem de Marialva está inserida em um processo de colonização do Norte do Paraná, no inicio da década de 1920. Na época, entrou em vigor uma política que dava permissão a empresas particulares de promoverem a reocupação da região, onde hoje se encontram as cidades de Londrina, Umuarama, Arapongas, Apucarana, Cianorte e Maringá, até então, habitada por indígenas e caboclos. Adquiridas por um grupo de investidores ingleses, liderados por Simon Joseph Grazer (mais conhecido como Lord Lovat), essa grande extensão de terras foi dividida em zonas e lotes e colocada à venda pela Companhia de Terras do Norte do Paraná (CTNP).
Atraídos pelos preços acessíveis e fugindo dos efeitos da Grande Depressão sobre a produção de café em São Paulo, muitos agricultores vieram para o território paranaense. Neste contexto, da expansão da cultura cafeeira, que se estabeleceram em Marialva os primeiros moradores, muitos descendentes de italianos e japoneses. O avanço dos cafezais resultou na abertura de estradas e no surgimento de vilas e cidade e aos poucos modificou a paisagem local. Em 1920, a população total do Norte do Paraná era de 72.627 habitantes. Os dados evidenciam que, vinte anos depois, a região atingiu uma densidade demográfica, cinco vezes maior.
Já em franco desenvolvimento, Marialva foi elevada a categoria de Distrito Administrativo de Mandaguari por meio da Lei nº 2, de outubro de 1947. Dessa forma, os representantes locais tiveram a oportunidade de participar politicamente, representando o distrito, na Câmara Vereadores da cidade vizinha. Das nove cadeiras disputadas, três foram ocupadas por candidatos marialvenses: Cariovaldo Andrade Ferreira, da União Democrática Nacional (UDN); Demétrio da Silva Braga, do Partido Social Democrático (PSD), que assumiu a segunda secretaria, e Francisco Silveira da Rocha, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); Este último foi o primeiro farmacêutico e o primeiro deputado da cidade. Em 25 de outubro de 1949, Rocha renunciou ao mandato de vereador para concorrer uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná. Eleito em 3 de outubro de 1950, Rocha teve uma atuação fundamental na emancipação política do município de Marialva e demais municípios da região.
O nome dado à cidade é uma homenagem ao cavalheiro português D. Pedro de Alcântara de Menezes Noronha Coutinho (1713-1799) – o "Marquês de Marialva". O termo vem da língua ugarítica: "mhraby" significa "vigor paternal"; "vigor ancestral". O decalque teria surgido da expressão "Maria Ave", na Serra de Moura, em Portugal.
O Município de Marialva foi criado pela Lei Estadual nº 790/51, sancionada pelo governador Bento Munhoz da Rocha, e instituída em 14 de dezembro de 1952, com a posse dos primeiros vereadores e do prefeito da cidade. Três candidatos disputaram o cargo do Executivo: Demétrio da Silva Braga (PSD); Ezequias Lemes de Carvalho (UDN) e Antônio Garcia Neto (PTB). Ezequias tinha preferência do eleitorado. Com objetivo de derrotar o concorrente, Braga declina da oportunidade de concorrer e declara o seu apoio ao candidato Garcia Neto, que sai vitorioso na votação.
A cerimônia de posse ocorreu no salão do Cine Avenida, que ficava situado na Avenida Cristovão Colombo. Na ocasião, o descendente de sírio libanês e proprietário da loja de secos e molhados "Casa Dois Irmãos", Kamel Izar foi eleito Presidente da Câmara Municipal. Confira a transcrição:
Ata da solenidade da posse do primeiro Prefeito e Vereadores, eleitos no pleito de nove de novembro de mil novecentos e cincoenta e dois, que regerão os destinos do município de Marialva, criado pela Lei nº 790 de 14-11 de 1951; e instalado nesta data.
Às treze horas do dia quatorze de dezembro de mil novecentos e cincoenta e dois, teve lugar no salão do cinema local a solenidade da posse do Prefeito e Vereadores. Foi aclamado pelos seus pares o vereador Dr. Severiano Bitencourt para assumir a presidência provisória da solenidade. De posse da presidência o vereador referido declarou aberta a sessão, convidando a seguir o cidadão Guilherme Bender para secretariar os trabalhos da mesma. Logo após o Olmo Pref., digo Presidente convidou os Ilmos. Vereadores a tomarem assento na mesa da sessão, bem como as seguintes autoridades: S. Exª. Dr. Juiz Eleitoral da 60º Zona Eleitoral; S. Exª. Dep. Francisco Silveira Rocha; S. Exª. Cel. Alcides Amaral Barcelos; Revdmo. Pe. Vigário da Paróquia; Ilmo. Delegado da Polícia; Ilmo. Juiz de Paz; Ilmo. Presidente do Partido Social Democrático; Academico Luiz de Almeida Nevez; Ilmo. Presidente do Partido Republicano; Ilmo. Presidente do partido Social Progressista; Ilmo. Pedro Aliberti; DD. Prefeito de Rolândia e o Ilmo. Presidente da Câmara de Vereadores da referida cidade; deixando de comparecer o Exmo. Dr. Juiz Eleitoral. Ilmo.
Delegado de Polícia; Presidente do P.R. e Ilmo. Presidente do P.S.P. A seg, digo, A seguir o Ilmo. Presidente tomou o compromisso Solene dos Ilmos. Vereadores, declarando-os empossados em seus cargos, passando imediatamente a presidência ao Ilmo. Secretário tomando este o seu compromisso. Em seguida procedeu-se à eleição dos membros da Mesa da Câmara de Vereadores do Município de Marialva. Feita a votação o Ilmo. Presidente convidou os Ilmos. Cel Barcelos, Dep. Rocha e o Ilmo. Felipe S. Bitencourt para escrutinadores da votação, resultando a seguinte apuração: Para Presidente: Kamel Izar, 7- (sete) votos – 1 (um) voto em branco. Para 1º Secretário: Dr. Severiano Bittencourt – 6 (seis) votos. Para 1º Secretário: Samuel Daniel de Muzio – 1 (um) voto. Para 1º Secretário: Homero Sincero dos Reis – 1 (um) voto; Para 2º Secretário: Waldemar Ferri – 6 (seis) votos. Para 2º Secretário: Dr. Severiano Bitencourt – 1 (um) voto; ficando assim constituída a Mesa: Presidente: Kamel Izar; 1º Secretário: Dr. Severiano Bitencourt; 2º Secretário: Waldemar Ferri. Finda a eleição o Presidente da solenidade entregou a direção dos trabalhos ao presidente eleito. Constituída a Mesa da Câmara o Ilmo. Presidente nomeou uma comissão de três vereadores para convidar o Ilmo. Presidente da Câmara, que em brilhante improviso agradeceu a distinção de seus pares que o elegeram presidente da Câmara de Vereadores, como também as autoridades presentes e o povo em geral pelo seu comparecimento à solenidade, que deveria ficar marcante na história de Marialva.
Após o Ilmo. Presidente usaram da palavra vários oradores, entre eles o Ilmo. Pedro Aliberti, Prefeito de Rolândia; Academico Luiz Almeida Neves; Dep. Silveira Rocha; Dr. Severiano Bitencourt; Samuel D. de Muzio; Felipe S. Bitencourt; Cel. Alcides Amaral Barcelos e por fim o Ilmo. Prefeito Antônio Garcia Neto, que com grande emoção externou os seus propósitos sinceros em tudo fazer pela grandeza de Marialva e felicidade de seu povo. Improviso esse que empolgou a assistência da qual recebia os mais calorosos aplausos. Terminada sua oração o Ilmo. Prefeito convidou o povo a acompanhá-lo até o prédioonde ia proceder-se a benção eclesiástica pelo Ver. Pe. Vigário da Paróquia, nas dependências da futura Prefeitura e Câmara de Vereadores. Nada mais havendo a se tratar, o Ilmo. Presidente declarou encerrada a sessão, da qual lavrei a presente ata que vai por todos assina, digo que depois de lida e aprovada vai por todos assinada e por mim – Guilherme Bender – secretário "Ad-hoc".
A primeira Prefeitura Municipal foi instalada na Rua Washington Luiz, nº 609, em frente onde hoje fica a Escola Municipal Dr. Milton Tavares Paes, lugar onde permaneceu até o início da década de 1960. Já a primeira Câmara Municipal funcionou na Rua Formosa nº 254 até maio de 1958, quando foi transferida para a Rua Washington Luiz nº 954. A mudança da Prefeitura para uma construção de alvenaria na Avenida Washington Luiz, nº 1.224, permitiu que a Câmara de Vereadores fosse instalada no primeiro andar do mesmo prédio. O atual Paço Municipal foi inaugurado em dezembro de 1974.
A Câmara Municipal está localizada na Rua Nossa Senhora do Rocio, nº 873, desde outubro de 1988. Antigamente o terreno abrigou a casa de madeira que serviu ao 4º ano da Casa Escolar, a primeira escola da cidade. O edifício ganhou o nome do advogado e vereador Dr. Jerson Caponi de Melo, que geriu a Casa por seis mandatos.
A primeira Prefeitura Municipal foi instalada na Rua Washington Luiz, nº 609, em frente onde hoje fica a Escola Municipal Dr. Milton Tavares Paes, lugar onde permaneceu até o início da década de 1960. Já a primeira Câmara Municipal funcionou na Rua Formosa nº 254 até maio de 1958, quando foi transferida para a Rua Washington Luiz nº 954. A mudança da Prefeitura para uma construção de alvenaria na Avenida Washington Luiz, nº 1.224, permitiu que a Câmara de Vereadores fosse instalada no primeiro andar do mesmo prédio. O atual Paço Municipal foi inaugurado em dezembro de 1974.
A Câmara Municipal está localizada na Rua Nossa Senhora do Rocio, nº 873, desde outubro de 1988. Antigamente o terreno abrigou a casa de madeira que serviu ao 4º ano da Casa Escolar, a primeira escola da cidade. O edifício ganhou o nome do advogado e vereador Dr. Jerson Caponi de Melo, que geriu a Casa por seis mandatos.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Marialva.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Amanda Palomo; PELEGRINI, Sandra C. A. Histórias e Memórias dos Cafeicultores no Paraná: o cotidiano e as práticas de Trabalho da população de Marialva (1940-1960). In: Revista de História Regional, nº 15, vol. 1, Verão 2010. Ponta Grossa: Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
FERREIRA, João Carlos Vicente. Municípios Paranaenses: origens e significados de seus nomes. In: Cadernos Paraná da Gente, nº5. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006
MARIALVA. Plano Municipal de Educação 2014-2015. Disponível em: Plano Muncipal de Educação.
Acesso em: jan. 2016.
RICIERI, Maria Teresa. Marialva: do café à uva fina. Maringá: Clichetec, 2008.