Produtores de Marialva estão apreensivos com relação ao preço, mas ainda que o clima não tenha ajudado, qualidade da uva superou as expectativas e por conta disso produto deve ser bem remunerado pelo mercado

Nova safra de uva começa a ser colhida em clima de expectativa

Segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

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As primeiras uvas dos extensos parreirais de Marialva começam a ser colhidas no final deste mês em clima de expectativa em relação ao preço em função do vendaval econômico que sacode o mundo e, por extensão, o Brasil. O comportamento das commodities, que se orienta de acordo com o dólar, é acompanhado com apreensão pelos produtores. Mas reina a confiança entre os viticultores.

 
Apesar do clima instável, que interferiu no desenvolvimento dos parreirais, a produtividade está dentro da média, com ligeira queda em relação à safra do ano passado. Os números ainda não foram fechados pela Associação Norte Paranaense de Estudos em Fruticultura (Anpef), mas estima-se que a produtividade deve ficar em 16 toneladas por hectare.
 
A viticultura é a principal atividade econômica do município, respondendo por cerca de 60% das receitas agrícolas. A uva ocupa cerca de 1,5 mil hectares e emprega mais de seis mil pessoas de forma direta e indireta.  Pelo menos 750 produtores se dedicam ao cultivo da fruta, números que destacam a cidade no contexto nacional da viticultura e sustentam a condição de Marialva de ‘Capital da Uva Fina’.
 
Entre os desafios de curto prazo da atividade está a redução do uso de agrotóxicos nos parreirais em nome da saúde e do meio ambiente – e mais ainda das expectativas do consumidor, cada vez mais atento a produtos ‘ecologicamente corretos’. O assunto tem sido tema de encontros promovidos pela Anpef em parceria com a Emater e governo municipal.
 
A busca de alternativas de cobertura dos parreirais para reduzir a umidade, condição adequada para o surgimento de pragas, mobiliza pesquisadores de instituições de ensino superior de Maringá e Londrina, além de outros centros de estudos nacionais, como a Embrapa. Entre as doenças que tiram o sono dos viticultores destaca-se o míldio, praga que pode dizimar os parreirais se não for controlada.
 

O míldio é um fungo que ocorre em áreas tropicais e pode causar perdas expressivas em diversas plantas, entre elas as videiras. As condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento são temperaturas de 20ºC a 25ºC e a umidade relativa do ar elevada. A presença de água na superfície das folhas favorece sua proliferação, obrigando o uso intensivo de defensivos para o controle da doença.


Uma das soluções em estuda está a substituição do tradicional sombrite, que cobre os parreirais, pela plasticultura.  “O sistema impermeabiliza as plantas, deixando que a água escorra apenas entre as ruas da lavoura”, explica a agrônoma Silvia Capelari, gerente da Emater de Marialva, diferente do que ocorre com o sombrite, que permite a passagem da chuva.
 
A redução da umidade nos parreirais diminui a incidência do fungo e, em consequência, o uso de defensivos que, nos estudos preliminares que serão apresentados para aos viticultores, aponta para aplicações entre 50% e 70% menores. A pesquisa já alcançou duas safras da variedade Clara (sem semente) e os resultados são animadores.

“Ainda temos muitos desafios a superar, como a diferença de custo entre o sombrite e a plasticultura e outros problemas de ordem técnica, mas eventos dessa natureza se propõem a manter os viticultores informados sobre as novas tecnologias em estudo para reduzir custos de produção com a aplicação menor de defensivos e outros procedimentos”, explica Werner Genta, presidente da Anpef.

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